Boa vidinha...

Há (pelo menos) dois tipos de nadador-salvador: aqueles que estão constantemente alerta, com o apito na mão, a chamar a atenção daquelas pessoas que ousam frequentemente enfrentar certas ondas, que justificam a cor da bandeira vermelha. E depois, há aqueles nadadores salvadores que encaram tudo isto como um emprego de verão: “ora vou ganhar um dinheirinho, vou-me bronzear, apanhar sol, ver miúdas e ler revistas”.
Pois parece que o nadador-salvador da praia para onde vou todas as manhãs com os meus miúdos enquadra-se na segunda categoria. O que me faz muita confusão: ele chega, acomoda-se muito confortavelmente na sua cadeirinha, junto à bandeira, põe o MP3 nos ouvidos, ora lê uma revista, ou então troca mensagens. A semana passada a revista que lhe fez companhia era o número nº3 da Playboy com a Ana Malhoa. Excelente revista para se ler na hora de trabalho. Enquanto isso andam putos na água, não só os meus, como também do jardim de infância que frequenta a mesma praia. E obvio que não são só miúdos que andam na água. Se por acaso, mas só mesmo por acaso, alguém estiver aflito na água, quiçá ele ouvirá apesar de ter os headphones nos ouvidos.
Mas hoje foi a melhor: o J. veio dizer-me que achava que ele estava a dormir. Pois bem… ele ficou naquela posição assim uma boa meia hora, não resisti a tirar uma foto, viemos embora e ele nada. Nem com o barulho de quinze miúdos mesmo ao lado. E os óculos de sol nestas alturas dão sempre um jeitão, assim descansa-se o João Pestana e ganha-se dinheirinho.

O que vale é que eu sei que os nadadores-salvadores não são todos assim. Mas este bem que podia ser dispensado. E eu que nem nadar sei, até me sinto mais nadadora salvadora do que ele, ao menos não largo os meus miúdos na água um minuto que seja, mesmo que tenha de apanhar umas belas banhocas de água bem fria.