Antes que leves uma marretada, vamos conversar...

Espelho meu:

Sabes, estava aqui a pensar que nunca tive uma má relação contigo. Nunca fugi dos espelhos a sete pés mas também nunca andei constantemente a pavonear-me em frente a ti como se não existisse mais nada. Afinal, também nunca me mostraste um trambolho. A imagem que reflectes até costuma ser simpática e agradável [vá, vamos esquecer aqueles dias, raros, em que achamos que estamos horríveis. Coisas de mulher…vá se lá entender]. Bem, como estava a dizer, até costumas ser um amigo bacano. Cada vez mais, que isto de estar a emagrecer, também se reflecte no espelho e não apenas nas calças que deixam de servir. No entanto, devo dizer-te que de vez em quando gostas de te armar aos cágados e zumba! Toca de mostrar todos os cabelos brancos que habitam na minha longa cabeleira castanha. Ora, como deves imaginar, isso não é de amigo. Não é, não. É coisa para eu ficar um bocadinho chateada porque não me apetece pintar o cabelo. A minha cabeleireira já sugeriu que fizesse algumas, pouquinhas, madeixas em tom de mel. E até estou tentada. Mas de pois de pintar a primeira vez já não se faz outra coisa. E é por isso que estou a deixar de gostar de ti. O R. diz que o meu cabelo é bonito assim. Mas caramba…se fosse só um… Agora assim não. Tu mostras que eles são grossos e frisados e espetados e que se topam à légua nos dias de sol.

E, como eu sei que a nossa amizade é importante para ti, tenho a certeza absoluta que vais parar. E vamos voltar a ser amigos. E só vamos voltar a ter este tête-à-tête quando eu tiver para cima dos 35 anos, daqui a 11 anos, portanto.

W/ Love,

Bunyssa*