Ela*

O fim-de-semana passado rodei-me de álbuns de fotografias dos meus pais: de quando eles eram namorados, quando o meu pai andava na tropa, as comunhões e os casamentos a que foram, do meu baptizado. Mas o que eu queria mesmo era encontrar uma foto da minha mãe grávida – isto porque queria dar-lhe uma prenda para o Dia da Mãe relacionado com isso e lá me dediquei a vasculhar os álbuns deles para ver se encontra-me a mim dentro da barriga dela nalguma foto e fazer alguma prenda para lhe dar no domingo.

Mas nada.

Aliás, estou a mentir, há uma foto em que ela está grávida. Está com o meu pai e um garoto que fazia a comunhão, mas nem a barriga se vê decentemente e se não fosse a indicação dela escrita ao lado da fotografia no algum, eu nem sabia que dentro daquele vestido amarelo estava eu.

E ainda bem que estamos agora em 2010. Inventaram-se coisas magníficas como as máquinas digitais. Prontas a registar tudo. Dantes era bem diferente. Hoje as grávidas tiram mil e uma fotos a todos os ângulos possíveis e imagináveis da sua barriga – e acho muito bem.

Um dia as minhas miúdas vão poder sempre ver como a mãe era: linda. [ou não]

Fotos não vão faltar de certeza.

Mas hoje o dia é dela, da minha mãe. A prenda teve de ser outra e nada está relacionada com fotos de quando ela era mais nova, mas já sei que ela gostou da prenda que lhe deixei no quarto quando cheguei ontem para que ela mal acordasse hoje a abrisse.

E acho muito bem mimar as mães. Podem chatear-nos a cabeça de vez em quando, obrigar-nos a passar a ferro [que odeio!], mas são as nossas mães. E não há nada que mude isso. E ainda bem*