Faz-me uma brutal confusão os filhos que falam com os pais de uma maneira que nem eu falaria assim para os meus amigos e muito menos para os meus pais. Especialmente a A. Uma cena só vista. A mãe diz-me quase a chorar que não sabe o que fazer com a filha de 15 anos que está a cada dia que passa “pior, mais rebelde”.
Eu diria que quem teve um estilo parental permissivo e sem grandes imposições durante 15 anos, agora demorará muito tempo a conseguir arranjar estratégias para lidar com o mau comportamento da filha, com a falta de respeito quer para com a mãe, os amigos e até os professores. Pior é que a miúda acaba por afastar tudo e todos: não é um feitio nada fácil, é conflituosa e as respostas tortas são em todas as direcções. A mãe diz que tem uma "paciência infinita com ela". Acredito que sim, mas se calhar não devia de ter tanta paciência assim. Eu pessoalmente não teria tanta de certeza, mas conhecendo aquele caso diria que faltam ali muitas regras, muitos castigos e eventualmente uma bofetada de vez em quando – ignorar a mãe, falar com ela da forma como ela fala, como se fosse um caixote de lixo está muito além da educação que nos diz que em sociedade tem de haver respeito, mas em casa também.
Tudo começa em casa aliás. A miúda diz a mãe que se algum dia lhe bater, que ela vai fazer queixa dela à GNR. Uma bofetada não faz mal a ninguém, a mãe nunca lhe bateu e talvez por isso ela faça o que faz à mãe. A miúda acaba por a manipular, faz chantagem com ela, “tudo está bem entre eu e a minha filha se lhe dou o que ela quer, mas se não lhe der, ela amua comigo e não me fala dias”.
Ontem posso ter saído do trabalho uma hora depois, mas tentei fazer com que aquela mãe percebesse que ela é a mãe e a A. a filha. Os papéis não se podem inverter - não é filha que manda na mãe, e incutir responsabilidades nos filhos também é uma tarefa que desde cedo tem que se fazer – que não é a mãe que lhe tem de fazer o saco para Educação Física mas sim a filha de 15 anos a tratar disso. E que ainda se vai a tempo, pode é ser tudo mais complicado. Mas tem que passar a ser a A. a ter responsabilidade sobre a roupa que vai vestir amanhã e não a mãe que chega do trabalho às 22h e ainda lhe vai pôr a roupinha junto à cama para no dia a seguir ela vestir. Tem que perceber que não se fala assim para uma mãe que trabalha feita moura para lhe dar tudo. E com as lágrimas na cara me dizia que só tem aquela filha e que não percebe como há casais que têm 3 ou 4. Mas a verdade é que tudo passa pela educação que se dá desde muito cedo, porque na adolescência há tanta coisa a acontecer que se uma pessoa não tiver uma estrutura e um estilo parental firme e definido, é nesta fase dos 14, 15 anos que tudo piora mais.
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[às vezes penso que vou retirando muitas aprendizagens destas conversas com os pais para um plano pessoal num futuro mais longínquo. E a cada dia que passa tenho a certeza cada vez maior que criar um filho é das coisas mais difíceis que podemos enfrentar ao longo da vida – regras, limites, educação e respeito são sempre metas desejáveis e para se chegar lá não se tem um caminho fácil a percorrer e cruzes a adolescência é mesmo uma complicação!]
5 comentários:
Falta de educação atroz.
Mesmo, os miudos estão cada vez pior a começar pela maneira de falar com os pais, os professores, a passar pela maneira como tratam os mais velhos quer seja no comboio ou em plena rua... enfim é lamentavel ver para onde esta nova geração caminha, e mais lamentavel ainda ver que os proprios pais nao conseguem ver que são os principais culpados.
bjinhs
Eu concordo, mas além da educação penso que terá a ver com a própria personalidade. Digo eu, que tenho um filho de 17 anos, nunca me deu problemas absolutamente nenhuns. É um rapaz educado, amável e raramente o preciso de repreender. Nunca me falou de forma áspera e autoritária e nunca me exigiu nada. Se algo lhe agrada ou se pergunto o que lhe posso oferecer em datas específicas, apenas sugere, mas sempre achando que não deve ser caro ou então que ele pode ajudar com as suas economias, que são as mesadas que lhe dou...Enfim, quando leio estes relatos, penso que sou uma sortuda!
Olá!
Tens toda a razão!!
Eu penso que a grande culpada disto tudo é a falta de tempo!! Os pais cada vez têm me nos tempo para estar com os filhos, por vezes umas horitas à noite, que em vez de serem passadas a conversar são à frente da televisão e do computador!!
E, para "superar" os remorsos da falta de diálogo e de convivência, muitas vezes deixa-se que os miúdos digam o que querem, tenham tudo o que querem e daí resultam os miúdos tiranos, "que têm os pais na mão"!
Ter um filho deve ser uma decisão muito bem ponderada, o tempo é essencial para se criarem laços de afecto e de respeito!!
Muitos beijinhos e um bom fim de semana, apesar da chuva!
Não sou mãe, mas acho o teu post muito pertinente, pois hoje em dia há muitos papéis por aí invertidos, infelizmente e de facto não é dar educação, há que haver respeito.
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