Três é uma multidão? - parte II

A propósito do post anterior da Buny, lembrei-me desta situação – bem real mas com nomes alterados.

 

Maria é casada com Manuel. Têm uma filha.

João é casado com a Margarida. Têm dois filhos.

Maria e João são colegas de trabalho e pelos vistos têm um caso. E digamos que hoje não me deveria chocar por duas pessoas terem um caso, porque hoje em dia é o pão nosso de cada dia. Todos nós conhecemos aquele ou aquela que traiu ou trai a pessoa com quem está.

O que me choca em primeiro lugar é que ambos têm filhos. Ambos inicialmente tinham o cuidado de serem discretos – mas quem trai deixa sempre marcas. Agora já não se dão ao luxo de esconder nada, perante os colegas de trabalho. Digamos que já todos quase que sabem. E eu não percebo minimamente porque estão casados. E diria que no caso do João que já não é a primeira vez que trai a esposa, pior ainda. Ela na altura da (suposta) primeira traição soube e perdoou. E como diz a Buny no post anterior, “após perdoarmos a primeira abrimos caminho para que aconteça mais duas, três, dez, cinquenta vezes”.

Às vezes parece-me que meio mundo trai o outro meio. E isto preocupa-me. As pessoas não são sinceras umas com as outras, não falam, não dizem o que não gostam na relação, não pensam no que têm de fazer para mudar. E de facto há relações que chegam a um fim. A chama perdeu-se, não se alimentou a relação, a rotina instalou-se, os sentimentos mudaram. É um facto que há relações em que as pessoas deixaram de se amar. Mas ao menos que se assuma isso: a relação acabou e pronto.

Mas é certo que há pessoas que preferem ter outros casos e fingir que tudo está bem quando chegam a casa e vão para a cama com a mulher oficial, depois de terem estado com a “outra”. E vice-versa. Porque hoje as mulheres também traem e por isso mesmo não podemos dizer que é um fenómeno exclusivamente feminino. Quiçá num outro tempo os homens traiam muito mais, as mulheres, coitadinhas, eram as que levavam com um par de corninhos em cima. Mas os tempos mudam. E as mulheres também já têm relações extraconjugais.

[Mas pior mesmo é fazer tudo à descarada. Isso sim, eu não percebo. Depois que não chorem baba e ranho só porque os cônjuges descobriram. ]