Lago dos Cisnes

Ainda não vi o Black Swan e nem sei quando terei oportunidade de ir ver. Mas irei ver com certeza.

Para quem chegou agora e ainda não sabe, sou apaixonada por Ballet. 

O Ballet parece incrivelmente fácil quando estamos sentados na plateia de uma sala de espectáculos ou numa sala de cinema ou até mesmo no sofá de casa. 

Parece que é só vestir o tutu, calçar as pontas, colocar os adereços, deixarmo-nos ir, flutuar, rodopiar e voilá...

Antes de cada espectáculo há um sem fim de horas de ensaio, até à exaustão. Há mil e um repetições de um ou de outro passo até que esteja perfeito, até que saia com a harmonia necessária. Há bolhas nos pés, há dedos a sangrarem, há articulações doridas por estarem em constante contacto com o gesso das pontas, há resina para não escorregar (e até esta tem de ser nas quantidades bem calculadas para não escorregar mas também para não travar os movimentos). É ouvir a música 63198373098 vezes até todos os passos estarem devidamente sincronizados. Um segundo a mais (ou a menos) pode estragar tudo. 

É preciso acertar os passos com os braços e com os movimentos da cabeça. 

Há uma infinidade de passos e movimentos que, todos juntos, fazem o todo que vemos em palco. Cada posição de braços tem um nome diferente. Assim como a posição de pés. Há as piruetas, os pliés, os arabesques, balancés, pas de chat, jetés, promenades, chasses, elevés, glisses,...passos que nunca mais acabam e com imeeeensas variações.

E o nervoso miudinho antes de entrar em palco!? 

Sabendo o quão díficil é chegar ao resultado final, aquele que vemos quando estamos sentados na plateia, apreciamos aquilo que estamos a ver de outra forma, de uma forma totalmente diferente.

Se me perguntassem do que é que eu tenho mais saudades, uma das coisas que eu escolheria seria, sem dúvida, o ballet. Tenho saudades dos ensaios diários, do grupo, dos espectáculos e de tudo o que o envolve e que descrevi (tão resumidamente!) acima. E não deixo de me arrepiar de cada vez que vejo dançar. [Há algum tempo fui ver o Lago dos Cisnes - Rostov State Musical Theatre Ballet Company -, ao Coliseu do Porto e, confesso, "perdi uma ou duas lagrimitas".]

E sim. Houve um dia, há algum tempo atrás, em que fui um dos cisnes. :)