Por que será que isto não me espanta?

"A taxa de reprovação a Português quase duplicou na primeira fase dos exames nacionais do ensino secundário, passando de seis para dez por cento. Para além de ser uma das provas em que a média foi negativa. (...)
Esta é uma das quatro disciplinas em que os alunos apresentam média nacional negativa nos exames nacionais e a que registou um maior número de inscrições (78.159 alunos).
Matemática continua a ser a má da fita. As negativas a Matemática A, 12.º ano, dispararam este ano no exame nacional da disciplina, com a taxa de reprovação a atingir os 20 por cento na primeira fase, contra 13 por cento em 2010, revelam resultados divulgados e que a Lusa acedeu."

Os resultados das provas de aferição no 6º ano não foram famosos. Os exames do 9º ano também não apresentaram notas brilhantes. E hoje foram publicadas as notas dos exames do 12º ano. 

No geral, podemos dizer que o ensino actualmente está em crise, tal como o país. Olha que novidade! Há alunos bons. Há docentes com grande qualidade. Mas também há alunos que não encaram a escola como o ponto de partida para um futuro melhor (e há imensas razões que podem justificar isso). Há docentes que nunca o deveriam ser (mas esta questão da aptidão é igualmente visível, por exemplo, na área da saúde e noutros ramos). 

Pessoalmente assusta-me a facilidade com os alunos transitam de ano lectivo. Eu conheço muitos alunos (muitos mesmo) que não deveriam de ter obtido as aprovações que tiveram. 

Assusta-me quando dizem que odeiam Português (acima de tudo estamos a falar da língua materna de todos nós), assusta-me quando não sabem fazer subtracções num 6º ano. Quando não sabem o básico dos básicos. Assusta-me quando dizem que "andava" é um nome próprio.

E passam sempre. Até chegarem a uma fase em que estão completamente perdidos, porque não têm bases nenhumas. 

O ministro da Educação tem uma tarefa árdua em mãos. Mudar a estrutura do ensino não é fácil. E o mais certo é os resultados não aparecerem a breve prazo. E há tanto para mudar que eu diria que é muito, muito complicado. Mas eu não gosto de acreditar em impossíveis. É difícil mas há que trabalhar para isso.